quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Eleições

Vão decorrer no próximo dia 10 de Janeiro de 2011, eleições para a presidência da nossa conferência, dado já termos atingido três anos de mandato da presidente em exercício, prazo estipulado pela regra.

Jantar de Natal

Teve lugar mais uma vez, no dia 15 de Dezembro, um jantar de Natal oferecido por um conhecido restaurante lisboeta, o Restaurante Império, através do Senhor Padre Alberto, proporcionando aos nossos assistidos uma oportunidade rara e talvez única, de cear e conviver num espaço tão aprazível. Bem-Hajam!

Bodos de Natal

Decorreu nos dias 21 e 22 de Dezembro, a feitura e distribuição pelos Vicentinos de mais de 90 Bodos de Natal, oferecidos pela comunidade paroquial. Foi muito trabalho e cansaço, mas valeu a pena!
Deixo-vos um testemunho:

«Estávamos mesmo em cima do Natal, era preciso distribuir os bodos aos mais necessitados da nossa Paróquia, e lá fui eu, pela primeira vez, servir quem mais precisava. Foi uma tarde em cheio, no meio da chuva e lama subi e desci escadas, percorri pátios sombrios com casas delicadamente em decadência, lá bati às suas portas; respondiam-me: quem é? ...é o bodo de Natal da nossa Paróquia. Certificava-me do nome, e olhava um par de olhos cheios de gratidão e, um sorriso que se adivinhava de alegria e tristeza em votos de um Santo Natal.

Andei de casa em casa toda a tarde até que ao anoitecer, era já o último bodo a entregar, tanto eu como quem andava a guiar o carro e, também a pegar nos pesos maiores, entreolhámo-nos e suspirámos de alívio por ser o último serviço.

Mas mal sabíamos o que o Céu nos tinha reservado naquele preciso momento, batia eu à última porta, uma porta de ferro com uma janela na parte superior com as respectivas grades de protecção.

Para nossa surpresa, veio atender um rapazinho ainda criança, a que a nós era só possível ver um par de olhitos e uma cabeleira farta, além de uma esperteza invulgar. Perguntei-lhe então: é aqui que mora (dizendo o nome a quem pertencia a última entrega) ?, logo respondeu prontamente: é a minha mãe. Então vai chamá-la! Logo de imediato respondeu: minha mãe não está, foi trabalhar. E tu meu menino, não nos podes abrir a porta?.. é que temos três sacos de coisas boas para o vosso Natal. Logo me respondeu com voz angustiada: eu tenho a porta fechada à chave. Fiquei sem saber o que fazer, estava a pensar em deixá-los ali mesmo atados à porta...mas logo o rapazito interrompeu os meus pensamentos, dizendo muito aflito: não deixe aí nada à porta, aqui roubam tudo e a minha mãe fica sem nada..., dê-me, dê-me as coisas pela janela, ao que respondi, mas como? ... a janela tem grades e os sacos não cabem. Tanto eu como quem me ajudava compreendemos a ansiedade do miúdo e na sua insistência em darmos as coisas pela janela. Começou a chover mais forte, como resolver?... O que acha, disse ao senhor que me acompanhava, abrimos os sacos e damos os alimentos um a um pelas grades da janela? E tive como resposta: bem, se ele for capaz, vamos a isso, mas ele é tão pequeno, duvido... mas para nossa surpresa o rapazito prontamente respondeu com uma clareza impressionante: sou capaz, dêem-me, dêem-me as coisas depressa.

E nós, um de cada lado íamos esvaziando os sacos. Aquela criança virou flecha, com as duas mãozitas, que mal as víamos, de tão pequenas que eram, e , em menos de nada, ficámos de sacos vazios, ficando apenas o ananás, de grande que era, não cabia nas grades, mas o petiz, feito homem só nos dizia, dê-mo que cabe, agarrando na folhagem com uma força surpreendente. Eu ao vê-lo triste por não conseguir ter nas mãozitas o majestoso ananás, lá o tranquilizei, ao reparar no estendal da roupa tapada com um plástico para a proteger da chuva, logo vi no estendal um belo esconderijo para o real ananás. Comentando com o meu ajudante, o Senhor que é bem alto, não terá dificuldade em pô-lo em cima do estendal, camuflando-o com o plástico, e assim teve um fim feliz o belo ananás.

Ao olhá-lo comentei, olhe bem para ele, parece mesmo uma estrela de Natal, ali escondido no estendal; logo disse o petiz: está bem escondido?... Está, fica descansado, agora diz à tua mãe que tem o ananás de guarda à porta, e um Bom Natal!

Assim terminou em bem a nossa missão e começamos a descer os dois os degraus que nos separavam do chão; quando surpreendidos parámos, pois lá de dentro da casa saíam gritos estonteantes de contentamento, ao olhar todos os alimentos que certamente alinhou uns aos outros, e só víamos os bracitos no ar como que a dançar de contentamento e dizia: avó, avó tanta paparoca, tanta paparoca! A avó doente há bastante tempo em seu leito dizia: mas como? Tens a porta fechada à chave, como é que tens a paparoca? É mesmo verdade avó, é verdade avó, deram-ma pela janela e repetia- avó, é mais que muita paparoca, dá para mais de muito tempo.

Ali permanecemos parados os dois, pingando da chuva, mas tão quentinhos no coração, em ver aquela criança tão feliz por tão pouco...

Entreolhámo-nos a sorrir, e reparei que o meu companheiro desta grande aventura tinha os olhos avermelhados, escondendo um coração cheio de emoção e acabou por dizer - este miúdo lavou a minha alma.

E todo o cansaço desta tarde se desvaneceu, ao ver o contentamento deste inocente, fez-me sentir um verdadeiro Pai Natal.»